domingo, 27 de junho de 2010


Governador Eduardo Campos na Casa Paroquial:

“Muito mais complexo do que construir é reconstruir”



“A hora é de contabilizar as perdas e prover os recursos para a reestruturação das cidades atingidas”, disse Eduardo. A limpeza das cidades já foi iniciada. A estimativa é que 69 pontes e cerca de 1.500 km de estradas ficaram danificadas ou destruídas. Ao deixar Barreiros, a Celpe já estava no local para estabelecer o fornecimento de energia. Com isso foram restabelecidos os serviços de comunicação e abastecimento de água no município.
Solidariedade - O Governador participou da reunião paroquial promovida pelo padre Gusmão, pároco de Barreiros. Prefeitos dos municípios vizinhos também compareceram ao encontro em um gesto de solidariedade. Na ocasião, Eduardo Campos aproveitou para pedir a mobilização de todos os setores da sociedade. “As operadoras de celular precisam voltar a funcionar. Essas empresas privadas precisam nos ajudar a retomada da reconstrução”, afirmou.
No total, são 54 municípios afetados. Desses, nove em estado de calamidade pública e 28 em situação de emergência. “Nós precisamos encontrar caminhos para a reconstrução. A sociedade civil, governos municipais, Estadual e Federal têm que trabalhar juntos porque este processo vai demandar muitos recursos e algum tempo”, falou Eduardo, convocando todos a fazerem doações.
Deposite sua ajuda na conta abaixo:
BANCO DO BRASIL: 001
AGÊNCIA: 0710-2
CONTA CORRENTE: 23.301-3
DIOCESE DE PALMARES - PARÓQUIA DE SÃO MIGUEL
081-3675.2175 (Casa Paroquial) - Pe. Gusmão / Pe. Jakson
Os valores recebidos serão destinados ao socorro dos desabrigados e vitimas das enchentes que atingiram cerca de 95% da nossa cidade.

BARREIROS CLAMA POR SOLIDARIEDADE

Uma semana após a chuva que provocou destruição, muitas famílias do município de Barreiros, um dos mais atingidos pelas enchentes, tentam reconstruir a vida. Por lá, a ajuda não chegou para todos os desabrigados e desalojados. E as pessoas tentam sobreviver como podem.
No lixão de Barreiros, as cenas são dramáticas. Famílias, mulheres e crianças procuram entre os entulhos algo que possa servir para tocar a vida. Um colchão coberto de lama foi o suficiente para uma dessas desabrigadas.
Os moradores vagam pelas ruas à procura de água, comida e até mesmo um lugar para ficar. No meio das muitas vítimas, dona Zeza (foto 3), com 95 anos, encontra dificuldades até para andar. Ela conta que ficou sem casa e sem roupa. O pouco que tinha, a chuva levou. "Estou dormindo no chão puro, comer não tem de qualidade nenhuma. A gente vem comendo bolacha e pão, as coisinhas do lixo que a chuva levou", diz.
A comida é disputada por todos. O grupo de voluntários que veio do Recife com dois carros cheios de alimentos, precisou botar ordem na fila para distribuir os donativos. No galpão da escola agrícola, toneladas de cestas básicas e garrafões de água mineral saem a todo instante para os postos de distribuição, mas muita gente ainda tem fome. “Distribuíram para 30 pessoas, e não me deram nenhum”, contou a dona de casa, Severina Ramos.
A voluntária pede calma e explica que a comida vai chegar. “Estávamos separando os produtos e preparando as cestas. A partir de agora, a distribuição vai continuar”, explicou a voluntária Janeide Gaspar.
A área da barragem e de Tibiri foi a parte de Barreiros mais atingida pela enchente. O rio Una, que passa atrás transbordou, atravessou o local com uma força impressionante, saiu arrastando tudo o que estava pela frente. Casas, comércio, pontes, a destruição completa.

ALERTA DA IGREJA
Muitas famílias procuraram abrigo na igreja da cidade. Foi daqui que partiu a notícia de que uma chuva castigaria Barreiros exatamente uma semana atrás. O padre José Gusmão, da igreja de Barreiros, recebeu o aviso de que a enchente atingiria a cidade e fez de tudo para alertar os moradores.
Ele tocou os sinos. Era o primeiro aviso. Foram vários alertas seguidos. Sem resposta, o padre da cidade decidiu, ele mesmo, tentar convencer as famílias a deixar as casas. "Sinto que cumpri meu dever. Mesom não conseguindo salvar tudo, o povo teve tempo de correr e se salvar", disse o padre.
Agora, entre lama e entulhos, os moradores tentam reconstruir a vida. Vai demorar para que Barreiros retome a rotina, mas todos aqui têm a esperança de que logo, tudo será como antes.
“O governo de Pernambuco montou uma operação de guerras. São 150 pessoas da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil. A dificuldade é grande, porque se perdeu cinco pontes e não temos acesso à zona rural”, contou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho.
Fonte: pe 360 graus


DEUS SEJA LOUVADO PELOS SINOS DA IGREJA DE SÃO MIGUEL
Os sinos da igreja, que o padre em boa hora tocou para avisar seus paroquianos, anunciaram a tempestade, o que salvou muita gente em Barreiros, Pernambuco. Doze pessoas perderam a vida. São doze as famílias enlutadas, por isso é leviano dizer que teria sido pior, pois para essa dúzia de famílias, foi pior.
Mas fatos são fatos e se não fosse o padre, homem atento ao aviso distribuído aos municípios poucas horas antes da tragédia que se aproximava, tudo teria sido pior.
Os habitantes de Barreiros com certeza são muito gratos ao padre, o que é justo e bom. Mas depois de demonstrar sua gratidão ao pároco, deveriam demonstrar sua ira contra os governos que não têm, em 2010, um sistema moderno de alerta e prevenção de acidentes em áreas sujeitas a terem seus rios inundados; cidades onde as tempestades são anuais deveriam ter um sistema de alerta mais moderno que um sino!
Na tarde do dia anterior às chuvas torrenciais, já se sabia que a madrugada seguinte seria tenebrosa. Mas como na Londres dos tempos elizabetanos, dependemos ainda de um homem que grite à noite. Está tudo bem!Ou de um padre com força suficiente para badalar um sino!
Alagoas tem radar meteorológico para detectar o risco de chuva forte, mas não tem Defesa Civil; Pernambuco tem Defesa Civil mas não tem radares para prever tempestades. Agora, depois da porta arrombada, os governadores certamente comprarão radares e organizarão Defesas Civis impecáveis. Mas saberão manter o que for feito neste momento, ou daqui um tempinho tudo ficará como dantes no quartel desse abominável Abrantes?
Uma cidade alagoana, com um nome encantador, foi varrida do mapa. Branquinha era seu nome. Não sobrou nada. Com Quebrangulo, onde nasceu Graciliano Ramos, e São José da Laje, forma as três cidades onde nesta época do ano chove muito, com conseqüências sérias. Nem sempre as águas vêm com a força deste ano, mas sempre vêm... Não deveriam surpreender ninguém...
Fico tentando imaginar qual a sensação de perder tudo, menos a vida, numa situação dessas. O alívio de se ver vivo, e aos seus. O medo do amanhã. O pavor das doenças. O desespero ao saber que outros não tiveram a mesma felicidade: perderam o bem mais precioso, a vida.
Penso nas mil coisas que me custariam muito perder: os retratos, as cartas, as lembranças de pessoas queridas, a roupinha que meu filho vestiu quando nasceu, os livros. De repente, o coração dá uma paradinha: e perder tudo? A geladeira, o fogão, a cama, as roupas, as panelas? E ficar literalmente sem nada, do teto aos sapatos?
E olhar para os lados e ver lama, miséria, luto, choro, destruição?
E olhar para o amanhã e não saber como será?
Para que servem os impostos municipais, estaduais e federais? Onde está esse dinheiro? À mão, naturalmente, já que o presidente Lula, comovido com o que viu, depositou nas contas de Pernambuco e de Alagoas mais de 200 milhões para cada um.
Se depositou, é porque tinha esse dinheiro em caixa. Se tinha, por que essa verba não foi usada para urbanizar e prevenir? Por que nós só agimos depois e nunca antes?
Dizem que essa foi uma chuva histórica. A de 66 aqui no Rio também foi histórica. Aliás, quando a natureza vem zangada, é sempre um evento histórico...
Outra tragédia histórica foi a de Santa Catarina, há uns dois anos, se não estou enganada. Agora leio que fortes chuvas castigam de novo o Vale do Itajaí. Já há estado de emergência em seis municípios, há centenas de desabrigados. O rio Itajaí-Açu estava ontem com 8m44.
Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, a qualquer momento o rio pode transbordar. Fala-se que uma frente fria pode provocar temporais com granizo e vendavais. Teremos condições de atender ao Nordeste e ao Sul?
No Brasil todo existem poucos sistemas de radares meteorológicos ou de alertas de risco. Os poucos sistemas que temos não atendem às necessidades de monitoramento e alerta de tempo, afirma a especialista Ana Maria Held, diretora do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp de Bauru.
São poucos os radares meteorológicos? Também? Mais um item que vem se juntar à lista do que temos (ou às vezes nem temos) em muito pouca quantidade: hospitais, creches, escolas, estradas e transportes baratos, seguros, decentes e de qualidade. Sem luxos. Nós não somos ricos. É pouca coisa. Com dez reis de mel coado se faz isso tudo. Precisa ter fé. E desistir de querer exibir o que não temos, de ser o que não somos.







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